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Metalúrgico tem pé queimado em alumínio líquido na Latasa, em Pindamonhangaba

Mais um acidente grave ocorreu na fábrica Latasa, em Pindamonhangaba, na última quarta-feira, dia 19. Um trabalhador teve o pé queimado no alumínio líquido. A pele saiu junto com a meia. Várias situações irregulares têm sido denunciadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos.

O acidente ocorreu por volta das 7h dessa quarta-feira, dia 19, no setor de produção da Planta 1 da fábrica, durante uma atividade que é rotineira, mas extremamente perigosa.

Segundo o Sindicato, o acidente ocorreu em uma das etapas do processo do forno se chama Dross Well. Ele é um tanque comprido que fica sempre com alumínio líquido onde são colocadas as sucatas pra derreter. A sucata gera uma escora na parede desse tanque que precisa ser retirada. Uma plataforma é colocada um palmo acima do alumínio líquido. O forneiro sobe em cima dessa plataforma, que tem vários buracos para colocar o martelete e quebrar a escora da parede.

Como é muito perto do alumínio, essa plataforma ferve. O forneiro não pode ficar com o pé parado se não a bota derrete. E ele ainda tem que equilibrar o martelete comprido e muito pesado pra fazer essa atividade, em uma plataforma torta, enferrujada, que é a mesma usada há muitos anos.

É muito frequente os forneiros enroscarem o pé nesses buracos, pela dificuldade que é. Nessa quarta-feira, no final do turno, mais um funcionário enroscou o pé nesses buracos, só que acabou caindo e encostou o pé no alumínio líquido.

A fábrica não tem brigada, não tem ambulância, e não tinha nem um carro disponível para levar o funcionário no hospital. Um funcionário teve que sair da fábrica, ir na Trilog, que é uma terceira que faz a logística, emprestar um carro pra poder levar o funcionário na Santa Casa de Pindamonhangaba.

Na manhã dessa quinta-feira, dia 10, ele esteve no setor de queimados da Santa Casa de São José dos Campos. Felizmente, ele não precisou ficar internado, está fazendo o tratamento em casa e ainda terá mais uma consulta com médico especialista em queimaduras. As viagens e a medicação estão sendo custeados pela empresa.

DESVIO DE FUNÇÃO

Tem ainda outro problema grave. Essa atividade perigosa deve ser feita pelo forneiro. O funcionário que sofreu o acidente não é forneiro, e esse desvio de função é muito comum na Latasa. Quando forneiro falta ou vai almoçar, quem cobre é um operador de processo. Virou rotina.

O operador acidentado trabalhou a noite inteira em uma atividade perigosa, que ele nem recebe por ela.

Cerca de três anos atrás, um acidente da mesma situação já havia ocorrido.

PROTESTOS

O presidente do sindicato, André Oliveira, durante um dos vários protestos na fábrica

Todas essas questões já foram reclamadas pelo Sindicato e há inclusive registros dessas situações em ata de reunião da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).

6 meses atrás já houve paralisação dos trabalhadores por causa do excesso de acidentes e por condições inseguras. Algumas situações foram resolvidas, mas a mentalidade da empresa não muda.

Há outra questão grave também no galpão da prensa, que está com muitas goteiras, inclusive em cima de painel elétrico e muito vazamento de óleo, que se mistura com as poças da chuva e provoca risco de acidente.

Segundo o presidente do Sindicato, André Oliveira, os trabalhadores estão revoltados com os vários problemas de segurança.

“Não podemos aceitar situações tão absurdas sendo ignoradas pela direção da Latasa. Já teve paralisação ano passado, pode acontecer de novo, e até mais forte”, disse.