Novelis e Sindicato discutem conclusão da investigação do acidente
O Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba esteve em duas reuniões com a diretoria da fábrica Novelis para discutir sobre a conclusão da investigação do acidente fatal ocorrido na empresa no dia 15 de julho e outras questões de segurança. As reuniões ocorreram nos dias 23 e 26.
Hallan Galvão Alves, técnico de manutenção elétrica de 27 anos, sofreu o acidente no setor de Laminação a Frio durante a manutenção de um veículo que faz o transporte das bobinas de alumínio. O chamado AGV, que é um veículo autônomo, foi movimentado e se deslocou em direção ao trabalhador e pressionou ele contra uma bobina de alumínio armazenada na área.
O AGV é fabricado por uma empresa americana, que trabalha unicamente com este equipamento há mais de 10 anos e atua em vários países. Técnicos da fabricante vieram para o Brasil e continuam na Novelis atuando nos testes e melhorias do equipamento.
As possíveis causas do acidente são uma falha específica do equipamento, algo que nunca havia sido identificado e ocorrido antes, além de um local estreito onde o trabalhador estava naquele momento.
Logo após o acidente, o presidente do Sindicato, André Oliveira, e o coordenador do comitê Sindical Novelis, Deolindo – Deó, estiveram na fábrica e cobraram a interdição do veículo do acidente e também dos outros quatro do mesmo modelo, o que já havia sido determinado também pela empresa em caráter preventivo. Eles seguem até hoje interditados. A direção da Novelis informou que as únicas movimentações que ocorreram foram os testes realizados pela fabricante.
A Novelis também afirmou que os AGVs só voltarão para a operação quando o fabricante atestar a segurança dos veículos. Primeiramente, eles voltarão em operação assistida, ou seja, de forma parcial, ainda em testes, para depois voltar para produção normal. O Sindicato será comunicado quando essas operações forem ocorrer.
Os testes e melhorias que estão sendo aplicados pelo fabricante também tem como objetivo fazer com que esses veículos tenham menos intervenções de manutenção, que é a questão principal apontada nos protestos. A Novelis também tem discutido projetos para que a fabricante faça inovações no seu sistema para permitir que o operador fique a uma distância maior do veículo.
Outro ponto abordado pelo Sindicato sobre segurança é a falta de efetivo e do excesso de jornada na fábrica. A Novelis se comprometeu em fazer adequações que atendam essa demanda, inclusive na Refusão, que é o setor mais crítico.
Para o presidente André Oliveira houve avanço na negociação.
“Foram vários protestos, muitas questões apontadas. Agora estamos conseguindo caminhar com a negociação sobre segurança de uma forma progressiva. O acidente e também os protestos provocaram uma grande movimentação, inclusive do fabricante, e o Sindicato vai continuar fiscalizando para que as melhorias discutidas de fato aconteçam”, disse.
O presidente também comentou sobre a modernização da operação.
“A tecnologia contribui, ela avançou bastante. O próprio AGV faz o transporte das bobinas de uma forma menos arriscada do que as empilhadeiras, mas mesmo cheio de sensores ele não é à prova de falhas. Não digo isso sobre esse acidente, mas o alerta tem que ser constante, não podemos ter excesso de confiança em um equipamento mesmo ele sendo moderno”, disse.
A Novelis e o Sindicato também seguem dando suporte para a família do trabalhador envolvido no acidente.