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MPF investiga fraudes em perícias médicas em Campinas e São Paulo

Operação Hipócritas apura casos de trabalhadores que perderam ações na Justiça do Trabalho em virtude de laudos fraudados

foto DENNY CESARE-FOLHAPRESS
foto DENNY CESARE-FOLHAPRESS

O Ministério Público Federal em Campinas (SP) e a Polícia Federal deflagraram nessa terça-feira, 30 de maio, a Operação Hipócritas.

As investigações da Operação Hipócritas foram realizadas exclusivamente pelo MPF até agora e apuram a cooptação de peritos médicos judiciais por médicos assistentes técnicos, a serviço de escritórios de advocacia contratados de grandes empresas, resultando em perdas para trabalhadores afastados de suas funções por conta de doenças ou acidentes relacionados à sua vida laboral e para a Justiça, que arca com as perícias da maioria dos trabalhadores que perdem as ações na Justiça do Trabalho em virtude dos laudos fraudados.

O esquema de corrupção de médicos peritos judiciais funciona pelo menos desde 2010 e foi detectado tanto em processos que tramitam nas varas do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, sediado em Campinas, como no da 2ª Região, localizado em São Paulo.

Até o momento, ocorreram diligências em 20 cidades, nenhuma delas na Região Metropolitana do Vale do Paraíba.

A rede de corrupção desvendada pelo MPF envolve, além dos próprios peritos judiciais (nomeados pelo juízo para uma análise independente do caso), assistentes técnicos (médicos auxiliares contratados pelas partes), advogados e representantes de empresas.

Para o procurador da República Fausto Kozo Kosaka, que coordena a investigação, “a atual sistemática de atuação e de remuneração de peritos na Justiça do Trabalho estabelece um cenário que prejudica a imparcialidade dos laudos periciais e fomenta a prática de delitos como os investigados nesta operação”.

Isto é causado, avalia o procurador, pela possibilidade que um profissional que atue como perito judicial possa atuar como assistente técnico nomeado por uma parte, desde que em órgãos judiciários e processos distintos.

“Esta situação cria uma certa relação de promiscuidade entre tais profissionais, que por vezes alternam as funções de perito e assistente técnico em diferentes processos. Esta ‘mescla’ de tarefas facilita o esquema de corrupção e prejudica a imparcialidade do perito”, avalia Kosaka.

Fonte: Ministério Público Federal