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Metalúrgicos do Brasil e dos EUA criam Grupo de Trabalho sobre Indústria 4.0

O diretor executivo do Sindicato e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou o desafio de discutir as novas tecnologias diante da reorganização das empresas no mundo

(Divulgação)

No segundo dia de debates do “1º Encontro da Indústria 4.0 – Metalúrgicos do Brasil e dos Estados Unidos” foi definida a criação de um Grupo de Trabalho para encaminhar e aprofundar o tema no dia a dia dos trabalhadores nos dois países

O debate online foi organizado nos dias 7 e 8 pelos Metalúrgicos do ABC e UAW (United Auto Workers – o sindicato dos trabalhadores na indústria automotiva, aeroespacial e de implementos agrícolas).

O diretor executivo do Sindicato e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou o desafio de discutir as novas tecnologias diante da reorganização das empresas no mundo.

“Temos visto o salto tecnológico, com empresas ganhando escala de produção e tirando investimentos de países como o Brasil. É muito importante que os dirigentes sindicais e os trabalhadores estejam preparados para os novos desafios. Por isso, o intercâmbio de informações é tão importante”, afirmou.

“Queremos debater as diferentes realidades, já que estamos falando de Indústria 4.0, mas temos empresas ‘0.4’ que ainda nem conseguiram sair da 1ª Revolução Industrial. Se não derem o salto tecnológico necessário, essas empresas vão morrer, com graves consequências na vida dos trabalhadores e do povo brasileiro”, continuou.

GT

O Grupo de Trabalho terá representantes do Sindicato, UAW, IndustriALL-Brasil, CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT) e CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força).

Rafael Guerra, do UAW, explicou os pontos que serão aprofundados no GT.

“Queremos estruturar informações sobre empresas que atuam nos dois países, o perfil das novas ocupações, cursos de formação profissional, legislação, políticas públicas, negociação coletiva, estudos sobre impactos da Indústria 4.0 para os trabalhadores”, destacou.

A partir desse primeiro encontro, serão organizados novos debates sobre a transição dos processos produtivos, home office e teletrabalho, além de aprofundar o tema da reconversão produtiva.

No encerramento, Krystine Peter, do UAW, reforçou a importância da criação do GT para continuidade do trabalho conjunto.

“Juntar as cabeças pensantes dos sindicatos brasileiros e daqui e aprender uns com os outros é uma bela ideia para pensar o futuro, continuar a trabalhar juntos para mudar a vida dos trabalhadores”, concluiu.

Acordos 4.0

O painel “Iniciativas formais, cláusulas contratuais e política governamental em Indústria 4.0” contou com as experiencias de negociações para implantação de tecnologias nas fábricas.

O coordenador da representação na Scania, Francisco Souza dos Santos, o Maicon, falou sobre a experiência de implantação da fábrica de soldas com conceitos da Indústria 4.0 na planta de São Bernardo.

“O CSE esteve envolvido desde o começo, em 2016, para negociar e acompanhar toda a mudança com foco na manutenção dos empregos e na capacitação dos trabalhadores. A fábrica antiga de solda tinha 15 robôs e a nova tem 75. Foram mais de 14 mil horas de capacitação, inclusive na Suécia, e mudanças de função, inclusive com melhora de salário. Isso foi possível com a organização sindical”, ressaltou.

O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT e CSE na Mercedes, Maicon Michel Vasconcelos da Silva, contou sobre as negociações para a linha de montagem de caminhões 4.0.

“O acúmulo da relação internacional de mais de 30 anos, com representantes daqui no Conselho de Administração e no Comitê Mundial dos Trabalhadores, possibilitou negociar o futuro da planta da Mercedes em São Bernardo desde 2013. Avançamos na garantia de capacitação profissional e realocação de trabalhadores diante da Indústria 4.0. É com unidade que a classe trabalhadora avança”, disse.

*matéria publicada no site do Smetal