Vitória no ABC: greve dos metalúrgicos reverte 800 demissões na Volks
Após 11 dias de paralisação, que ontem chegou ao setor administrativo, os trabalhadores conquistaram a readmissão dos companheiros, além de PLR, abono e garantia de emprego até 2019.
Foi uma vitória gigantesca: depois de uma greve que nesta sexta-feira (16) completou 11 dias, a Volkswagen recuou e readmitiu 800 metalúrgicos que haviam sido dispensados por telegrama no final de 2014. Com isso, os trabalhadores aprovaram o fim da paralisação e o retorno ao trabalho na próxima segunda-feira. Ontem, a greve atingiu 100% da fábrica, incluindo os setores administrativos e os trabalhadores terceirizados.
Em assembleia na manhã de hoje, os trabalhadores foram informados pelo secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, que o movimento iniciado no dia 6 tinha conquistado o principal objetivo, que é a recontratação dos demitidos. A notícia foi muito comemorada durante a assembleia, que também aprovou a proposta negociada entre a entidade sindical e a montadora que prevê, além de tudo, a garantia de emprego até 2019.
“Nós garantimos que R$ 16.576 sejam pagos aos trabalhadores a título de PLR [Participação nos Lucros e Resultados] e abono ainda no dia 20 de janeiro, que os 800 trabalhadores fossem reintegrados e também a abertura de um Programa de Demissão Voluntária [PDV], que não é para todos os trabalhadores da fábrica”, informou Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O PDV será aberto a um grupo de cerca de 2.500 trabalhadores.
“Essa luta foi feita com base nos direitos e para garantir os direitos. Exercemos o direito de greve, à luta e o direito de manifestação, com a grande passeata e o ato público que uniu 20 mil metalúrgicos na segunda-feira. Tivemos todas as premissas do que é fazer a boa luta”, assinalou Marques, destacando ainda que a categoria seguirá unida em busca de melhorias no setor. “Esta é uma conquista dos trabalhadores, mas foi apenas a primeira, pois agora vamos cobrar o governo estadual e federal as propostas encaminhadas na semana passada, que pede, entre outras coisas, um programa de proteção do emprego”, destacou.
Acordo
O novo acordo aprovado tem vigência até 2019. Os principais pontos são a garantia de emprego durante a validade do acordo, o reajuste integral da inflação incorporado ao salário para os próximos quatro anos (de 2016 a 2019) e aumento real de 2017 até 2019. Para 2016, o aumento real se dará em forma de abono.
As cláusulas sociais também valem até 2019. O acordo prevê ainda a garantia de novos investimentos, com a vinda de novos produtos, incluindo uma plataforma mundial para produção na fábrica de São Bernardo.
Para 2015, o reajuste da inflação e o aumento real de 2% serão pagos em forma de abono e antecipados para o dia 20 de janeiro.
O acordo avança em relação à proposta rejeitada no ano passado, ao garantir o reajuste pelo INPC em 2016 incorporado ao salário (pela proposta anterior, esse reajuste seria substituído por abono salarial), a antecipação do abono de 2015 e o complemento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de 2014, conforme as novas regras.
Solidariedade
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, também ressaltou a importância da unidade da categoria e da solidariedade de classe para a reversão das demissões e as demais conquistas na Volkswagen. “A garra dos metalúrgicos do ABC foi fundamental nesse processo, assim como o apoio de sindicatos de outras categorias, das entidades internacionais, como o UAW [United Auto Workers, o sindicato dos trabalhadores em montadoras nos EUA], e de parceiros de organizações da sociedade civil, como o Movimento dos Pequenos Agricultores, a Liga Camponesa e a Marcha Mundial de Mulheres”, afirmou Cayres.
O presidente da CNM/CUT disse ainda que agora a luta continuará até a conquista de garantias para os metalúrgicos e demais trabalhadores na indústria de todo o país. “Queremos uma política que recupere e fortaleça a indústria nacional e um programa que proteja os empregos para que o trabalhador não fique à mercê do humor das empresas e do mercado. Por isso, vamos continuar negociando com o governo a pauta que entregamos na terça-feira”, pontuou.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT, com informações da CUT Nacional e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC)